sábado, 15 de junho de 2019

O barquito de papel p'ró grande mar foi navegando


O BARQUITO DE PAPEL
P’RÓ GRANDE MAR FOI NAVEGANDO


   
Os lagos, lá do céu, as suas portas abriram,
E as águas, sobre as montanhas da terra caíram,
P’ra espanto das gentes, que no vale, por lá moravam...
E as águas furiosas, lamacentas, à sua frente tudo levaram,
E das poucas coisas e pessoas, que lá nas aldeias ficaram,
Por todas as suas desgraças... tristemente elas choravam.


Mas depois, os anjos lá do céu, manhã cedo acordaram,
E a correr, de espantados, logo as portas dos lagos fecharam,
P’ra descanso das gentes cá do vale, que estavam desesperando...
E o sol, preguiçoso, por entre as nuvens pretas espreitou,
E aos poucos, a esperança p’rás gentes de novo voltou,
Mas sempre continuando a olhar p’ró céu... e rezando.


E a criancinha junto à poça de água os joelhitos pôs no chão,
E com a alegria e inocência do seu pequenino e meigo coração,
Olha o barquito de papel, que na água lamacenta lá iria navegar...
E os olhitos de tão grandes se abriram... para o barquito olhando,
Quem sabe se talvez, que no seu pequenino coração pensando,
Que ele levaria as suas doces ilusões, lá p’ra longe...
p’ró meio do grande mar.


(J. Carlos – Abril. 2009)
Livro 2 (Silêncios… da Minha Alma)
imagem da net


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