SULCOS
... DO ARADO DO
TEMPO
Olho
no meu rosto as marcas e sulcos que o tempo deixou,
Quando
o vento, agreste e frio, bem junto de mim passou,
E
tentou, o tronco do meu corpo, logo abaixo deitar...
Mas
as raízes que à terra o meu tronco agarravam,
Muito
sofreram, mas deixá-lo de lá sair... não deixavam,
E
o vento norte foi-se embora, p’ra outros troncos derrubar.
E
aos meus ouvidos, o uivar triste dos lobos, também chegou,
Talvez
chorando pois o vento os seus filhotes p’ra longe levou,
E
quem sabe se nos alcantilados da serra, não se irão perder...
E
ao seu triste lamento, a minha tristeza a correr se foi juntar,
Porque
este meu corpo, que o vento não conseguiu derrubar,
Tropegamente
vai caminhando, sem da sua vida futura...saber.
Agora
tenho o meu presente... mas sem o passado lamentar,
Porque
as coisas más esqueci, e só as boas tenho p’ra lembrar,
Ficando
feliz a minha alma no tempo que tem para percorrer...
Por
isso, quando de novo olho p’ra este meu rosto cansado,
Vejo
que por ele passou o tempo como pela terra passa o arado,
Antes
do lavrador, as espigas do pão... dessa terra recolher.
(J. Carlos - Novembro. 2010)
Livro 1 (O Outro Lado da Minha Alma)
imagem da net
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