quinta-feira, 11 de agosto de 2022

CAMINHANDO… pelas ruelas

 










“Al-Hain“-“Alham”-“Olham”
Olhão da Restauração

CAMINHANDO… pelas ruelas


Caminho devagar pelas ruelas apertadas,
Por entre as cúbicas casas de branco pintadas,
Já sem a roupa pendurada nas açoteias, a enfeitar…
Com portas e janelas bem fechadas,
Dando a ideia de já não estarem habitadas,
Pelos donos… que foram, p’ra outros lados morar.

 
Mas não, pois foram pelos franceses agora compradas,
Saudosos por as suas tropas terem sido de lá afastadas,
Pelas gentes simples que estavam a morar…
Todos eles, gente pobre de simples mariscadores,
Outros vivendo da pesca, também simples pescadores,
Que depois, ao Brasil, a boa nova ao rei, foram levar.

 
Hoje, vive-se entre as várias línguas faladas,
Pelos que estão no mercado a comprar as mariscadas,
Com que as famílias, ao almoço, se irão deliciar…
Acompanhando com umas minis cervejinhas,
Nas cozinhas das casas antigas… tão fresquinhas,
Enquanto lá fora, o sol e o calor estão mesmo apertar.

 … e como o que era ontem, com o tempo, deixou de ser,
E os valores já se perderam ficando só a saudade…
Também as gentes que se vêem estão todas a envelhecer,
E esta terra já virou…um belo centro da terceira idade.

( J. Carlos – Janeiro. 2020 )

*  https://ensina.rtp.pt/artigo/a-revolta-da-vila-de-olhao-da-restauracao/

    Em 16 de junho de 1808, a população de Olhão revoltava-se contra os
    invasores franceses e expulsava-os da localidade. Alguns partem depois,
    num pequeno barco, para o Brasil com o objetivo de avisar o rei.

 

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Os Mascarilhas... destes tempos modernos

 

 OS  MASCARILHAS
… destes  tempos  modernos



Muitas das vezes aquilo que se vê,
Não é nada do que se prevê,
Nem para o qual estávamos preparados…
Por isso mesmo, quem diria,
Que um dia, todo este mundo pararia,
E que em casa ficaríamos *confinados.


E tudo isto me trouxe velhas recordações,
Das idas ao cinema p’ra viver as emoções,
Dos filmes do *mascarilha, tão afamados…
Só que nessa altura mal eu sabia,
Que naquele ano do futuro, naquele dia,
Teríamos que andar todos… *mascarados.


E se daqueles tempos que já lá vão,
Ficaram memórias do que criava emoção,
Já que a vida até decorria lentamente…
Agora, com o que veio lá dos *“chinocas”,
Entre politiquices, demais trocas e baldrocas,
Ficam lembranças do mundo parado de repente.


(J. Carlos – Julho. 2020)
Imagem da net

https://www.dicio.com.br/confinado/
*Significado de Confinado: - Que se confinou; privado da sua liberdade; impedido de sair
do lugar onde se encontra…

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lone_Ranger

https://tvi24.iol.pt/sida/coronavirus/
covid-19-onde-vai-ser-obrigatorio-o-uso-de-mascara-a-partir-de-segunda-feira


https://pt.wikipedia.org/wiki/Pandemia_de_COVID-19

terça-feira, 10 de novembro de 2020

Estrada da vida

ESTRADA  DA  VIDA      



Olho a estrada toda bordejada,
De jasmim e camélias e rosas também,
Toda ela bem longa sem fim e sem nada,
Onde não se vê viva alma, nem bicho, ninguém.

Lá longe só se houve as ovelhas balindo,
E o ladrar dos cães nas quintas vazias,
E o meu rosto, sem querer, fica sorrindo,
Lembrando as noites tristes, longas e frias,
Mas dentro de mim ainda sentindo,
As doces caricias do vento que vinha,
Trazendo as poesias que estava ouvindo,
Vindas lá do monte que poeta não tinha.


Então olho a montanha de verde vestida, 
Salpicada de estevas que o vento plantou, 
Que de longe parecia que bem cedo acordou, 
Feliz com as flores que a tornavam florida, 
Trazidas pelo vento dos caminhos da vida. 
E a brisa soprando, o rosto acariciou, 
Deixando o doce cheiro que o nariz inalou, 
Fazendo esquecer o que do passado, 
Nas pedras do caminho lá ficou agarrado, 
Pois nada do que era, no tempo, por cá ficou. 


(J. Carlos – Abril 2014)
imagem da net

Poema deste sol... eternamente brincalhão

 

POEMA DESTE SOL...
   eternamente brincalhão   



O sol, por detrás da nuvem escura, cá p’rá terra espreitou,
Mas logo se escondeu e até parece que de novo se deitou,
Pois tudo estava dormindo... sem ver gente para acordar...
Sentindo que todos ainda estavam descansando,
Daquela dura semana de trabalho... pelo dinheiro labutando,
E hoje, domingo, não era dia de irem a correr p’ra trabalhar.


Apenas a bicharada, pelos campos, lá estava já brincando,
E também a passarada, pelos ramos, saltitando,
Só se preocupando... com a comida p’ra comer...
E aos poucos, o sol de novo voltou, para a terra espreitar,
Para ver, se já havia crianças pelos parques a brincar,
No lindo dia que lhes oferecia, antes de vir o escuro anoitecer.


Mas depois, devagar, a humanidade foi lentamente acordando,
E se uns iam com os filhos ao parque, com eles p’ra lá brincando,
Outros já estavam no vil dinheiro... e nas guerras... a pensar...
Mas o sol, eternamente, a sua missão ia cumprindo,
E como era brincalhão, p’rás crianças, lá do alto, ia sorrindo...
Antes de vir a noite... e serem horas p’ra de novo se ir deitar.


José Carlos Primaz (J. Carlos)
Livro 3 (Sentimentos… da Minha Alma)
imagem da net

Longa estrada...

 

LONGA  ESTRADA…



Vou seguindo por esta minha longa estrada,
Em que nela já fiz uma longa caminhada,
Mas onde tenho sentido alegria, e prazer por nela andar…
Tem sido longa… mas tem-me dado gosto nela viver,
Onde tantos amigos e amigas acabei por vir a conhecer,
Onde a tua alma, com a minha, se vieram cá a encontrar.


Uma estrada onde, de importante, nada irei deixar,
Direi apenas que deixo as ruas livres para se poder andar,
E mesmo essas, só quando vier o escuro do anoitecer…

Onde deixo os meus desejos… daquilo que cá não visitei,
De todas as minhas intenções de dizer, o que nunca cá direi,
Dos muitos poemas que escrevi… e que ninguém irá cá ler.


Uma estrada, cujo final ainda não estou vendo,
Onde já só desejo um lugar florido e quente para lá ficar…
Onde encontre uma terra onde ninguém esteja sofrendo,
Onde possa guardar a poesia para toda a gente a ficar lendo,
Onde construir um parque, para os poetas poderem descansar.


José Carlos Primaz (J. Carlos)
Livro 2 (Silêncios… da Minha Alma)
imagem da net

Pelo vale do amor eu caminhei


PELO VALE DO AMOR
EU CAMINHEI



Corri... corri... na esperança de algures te encontrar,
E o teu nome lancei ao vento, p’ra ele bem longe o levar,
Para alguém me vir dizer, o lugar, onde agora estás morando...
Mas tudo na vida tanto me tem afastado de ti,
Pois todos estão correndo atrás de mim ao saber que te perdi,
E eu, feito louco, por ti correndo... sempre o teu nome gritando.


Fujo à frente da gente, que os seus gritos estão soltando,
Sem saber já do lugar que tanto estou desejando,
Sempre na esperança de te vir a encontrar...
Mas corro e corro, e de tanto correr estou cansado,
E esta gente correndo atrás de mim mais me torna amargurado,
E eu já não sei mais em que lugar te devo procurar.


Mas agora, por este louco amor, tudo na vida farei,
Pois quando, deles fugindo, este muro saltei,
Nesse jardim tu lá estavas, feliz, à minha espera sentada...
E agora, agradeço a esta gente que atrás de mim estava correndo,
Porque deles fugindo, encontrei aquela por quem estava sofrendo,
Pois eles me levaram, até onde estava a minha amada.


José Carlos Primaz (J. Carlos)
Livro 3 (Sentimentos… da Minha Alma)
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... o corcel desse Vale é a dor; e se não houver dor, jamais terminará essa jornada. Nessa condição, o apaixonado não pensa senão no Bem-Amado, nem busca refúgio algum salvo o Amigo. A todo o momento, oferece ele cem vidas na senda do Amado; a cada passo, joga mil cabeças aos pés do Bem-Amado...
(Os Sete Vales e Outros Escritos – Bahá’u’lláh (Glória de Deus), pág. 27)

domingo, 8 de novembro de 2020

As ondas... do protesto

AS ONDAS… DO PROTESTO



Há tempos, olhei bem p’ró fundo do protesto,
Tentando ver o que na altura por lá se via…
Pois não sei porquê, mas para mim até era manifesto,
Que um movimento de protesto… já lá no fundo existia.


Pois a superfície já mostrava uma certa agitação,
E isso já é sintoma de movimentos… começando lá no fundo,
Mas agora estou vendo nas notícias, que afinal havia razão,
Pois o protesto começa a ser geral, e de cariz mais profundo.


Pelas noticias, as ondas do protesto já um país estão a mudar,
E a um outro invadiram… sem mostrar contemplação…
Sentindo-se que todos à sua volta, já se estão a assustar,
Pois a onda já está agigantar… e em continua evolução.


Cuidem-se pois os tiranos, que julgam as fortunas protegidas,
Lá nos palácios de muros cercados, que pensam ser intocáveis,
Pois as ondas furiosas já mostram forças nunca sentidas,
E tudo à sua volta irá sofrer… das acções mais impensáveis.


Mas uma tal coisa, é de certo modo bem fácil de entender,
Pois esta onda gigante, vai lentamente toda a terra invadir,
Já que a tirania levou a miséria de tal forma a se desenvolver,
Que todos os que são tiranos, não terão mais sítios p’ra fugir.


(J. Carlos – Fevereiro 2011)
Livro 1 (O Outro Lado… da Minha Alma)
Imagem da net

… e as ondas do protesto já começaram… ao invadirem a Tunísia e logo o seu
efeito de dominó começa a fazer-se sentir no Egipto, no Iémen, na Argélia,
na Jordânia, no Sudão, na Síria, na Líbia e elas continuarão até invadirem toda
esta nossa terra de tanta miséria já formada…

CAMINHANDO… pelas ruelas